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Coronel Percy Harrison Fawcett, 1911. Foto: Wikimedia Commons

Coronel Fawcett: 100 Anos do Maior Mistério Amazônico

Imagine um homem que abandona a civilização em busca de uma cidade perdida na Amazônia e simplesmente desaparece sem deixar rastros. Esta é a história real do Coronel Percy Harrison Fawcett, um dos maiores mistérios da exploração moderna.

Quem Foi Percy Harrison Fawcett? O Explorador que Inspirou Indiana Jones

Percy Harrison Fawcett não era apenas mais um aventureiro. Nascido em 18 de agosto de 1867 em Torquay, Inglaterra, ele cresceu em uma família aristocrática com tradição militar e exploratória. Seu pai, Edward Fawcett, já havia sido membro da prestigiosa Royal Geographical Society, plantando as sementes da paixão por exploração que definiria a vida de Percy.

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Da Academia Militar às Selvas Amazônicas

A trajetória de Fawcett começou na Academia Militar de Woolwich, onde se formou oficial da Royal Artillery em 1886. Mas foi sua associação com a Royal Geographical Society em 1901 que mudou completamente o rumo de sua vida. Combinando conhecimentos militares com estudos em topografia e cartografia, Fawcett estava destinado a se tornar um dos exploradores mais audaciosos de sua era.

Curiosidade: Fawcett serviu secretamente para o serviço de inteligência britânico no Norte da África, uma experiência que o preparou para os desafios que enfrentaria na Amazônia.

As Sete Expedições Amazônicas: Mapeando o Desconhecido

Rota e estações da quarta expedição de pesquisa de Percy Fawcett. Imagem: Lencer / Wikimedia Commons

Entre 1906 e 1924, Fawcett realizou sete expedições extraordinárias na Amazônia, cada uma mais desafiadora que a anterior. Essas missões não eram passeios turísticos – eram empreendimentos científicos rigorosos que expandiram significativamente o conhecimento geográfico da região.

Os Grandes Feitos de Fawcett na Amazônia

Mapeamento de Fronteiras Inexploradas

  • Em 1906, liderou sua primeira missão para mapear a fronteira entre Brasil e Bolívia
  • Localizou a nascente do rio Verde em Mato Grosso (1908)
  • Mapeou o rio Heath na divisa Peru-Bolívia (1910)
  • Cruzou centenas de quilômetros de selva nunca antes explorada

Reconhecimento Científico Internacional Em 1916, Fawcett recebeu a cobiçada Gold Medal da Royal Geographical Society por suas “contribuições excepcionais para o mapeamento da América do Sul”. Esta honraria colocou-o entre os exploradores mais respeitados de sua época.

O New Yorker destacou sua habilidade única: Fawcett “sobrevivia na selva por anos sem contato com o mundo exterior” e “retornava com mapas de regiões de onde nenhuma expedição havia voltado”.

Descobertas Além da Geografia

Fawcett não era apenas um cartógrafo – era um verdadeiro cientista da exploração. Durante suas expedições, ele:

  • Documentou espécies animais desconhecidas pela ciência
  • Coletou artefatos indígenas raros
  • Registrou dados etnográficos sobre tribos isoladas
  • Relatou avistamentos de animais extraordinários (incluindo aracnídeos gigantes)
Fawcett e sua equipe em meio a selva na busca da nascente do Rio Verde

O Manuscrito 512: A Pista para a Cidade Perdida

A obsessão de Fawcett pela misteriosa “Cidade Z” começou com um documento intrigante: o Manuscrito 512. Este texto do século XVIII, guardado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, descrevia em detalhes impressionantes as ruínas de uma antiga cidade no sertão da Bahia.

Para Fawcett, este manuscrito não era apenas um relato histórico – era um mapa do tesouro que apontava para vestígios de uma civilização perdida na Amazônia. Ele acreditava que esta cidade poderia ser a chave para compreender civilizações pré-colombianas avançadas, possivelmente conectadas à lendária Atlântida.

Elemento Misterioso: O escritor H. Rider Haggard presenteou Fawcett com uma estatueta de basalto inscrita, que o explorador interpretou como uma peça-chave para decifrar os segredos da civilização perdida.

Página 5 do Manuscrito 512, publicado em 1753 (autor desconhecido). Foto: Fundação Biblioteca Nacional / Wikimedia Commons

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1925: O Último Adeus e o Maior Mistério

Em 20 de abril de 1925, Percy Fawcett embarcou em sua expedição mais ambiciosa e fatídica. Acompanhado por seu filho Jack, de 22 anos, e pelo jovem amigo Raleigh Rimell, ele partiu de Cuiabá rumo às florestas inexploradas do Alto Xingu.

A Carta Final que Gelou o Mundo

O último sinal de vida de Fawcett foi uma carta otimista enviada à esposa Nina em 29 de maio de 1925, do acampamento que ele chamou de “Dead Horse Camp”: “Você não precisa temer nenhum fracasso”

Essas palavras proféticas foram o último contato da expedição com o mundo civilizado. Fawcett, Jack e Raleigh simplesmente desapareceram nas profundezas da floresta amazônica.

Jack Fawcett e Raleigh Rimell em 1925. Na última carta de Fawcett, ele diz: “Você não precisa temer nenhum fracasso” – palavras proféticas enviadas antes de desaparecer para sempre. Foto: Wikimedia Commons

O Que Aconteceu com Fawcett? Teorias e Expedições de Busca

O desaparecimento de Fawcett gerou uma das maiores operações de busca da história da exploração. Múltiplas expedições foram organizadas, incluindo a famosa Expedição Dyott em 1927, mas nenhuma encontrou vestígios conclusivos dos exploradores perdidos.

As Principais Teorias sobre o Desaparecimento

1. Conflito com Tribos Hostis Registros orais dos índios Kalapalos sugerem que uma tribo vizinha muito agressiva pode ter atacado e morto os exploradores.

2. Morte por Causas Naturais A teoria mais aceita pelos especialistas é que os três morreram devido às condições extremas da floresta – fome, febre ou acidentes.

3. A Teoria da Cidade Subterrânea A versão mais fantástica sugere que Fawcett descobriu a civilização perdida e viveu em reclusão por décadas numa “cidade subterrânea” na Serra do Roncador.

Percy Fawcett (segundo da direita) e Jack Fawcett (segundo da esquerda) a caminho de sua expedição de 1925.. Foto: Wikimedia Commons

Falsas Pistas e Ossos Misteriosos

Em 1951, o sertanista Orlando Villas-Bôas anunciou ter encontrado ossos de Fawcett junto aos índios Kalapalos. O mundo inteiro aguardou ansiosamente os resultados dos exames científicos, mas o Royal Anthropological Institute de Londres confirmou: os ossos não eram de Fawcett.

Orlando Villas Bôas e dois índios Kalapalo com suposta ossada do Cel. Fawcett encontrada no exato lugar onde os mais velhos relavam sua morte, em 1952. Foto: C.V.B. arquivo da família Villas Bôas / Wikimedia Commons

Controvérsias: O Lado Polêmico do Explorador

A figura de Fawcett não estava livre de polêmicas. Sua relação com o lendário Marechal Cândido Rondon foi especialmente tensa.

O Conflito com Rondon

Em 1909, durante uma missão de demarcação de fronteiras, Fawcett abandonou a expedição, deixando soldados brasileiros liderados por Rondon sem suprimentos na mata. Mais tarde, em 1920, Rondon recusou publicamente apoiar as expedições de Fawcett, defendendo que não havia necessidade de estrangeiros explorando a Amazônia.

Marechal Rondon próximo ao Forte de Coimbra, Rio Paraguai, na fronteira entre Brasil e Bolívia c. 1929/1930. Foto: B. Rondon / Arquivo Nacional / Wikimedia Commons

Ceticismo Científico

A comunidade científica frequentemente questionava os relatos de Fawcett sobre animais fantásticos, incluindo:

  • Aracnídeos gigantes
  • Uma sucuri de 19 metros
  • Criaturas nunca antes catalogadas

Muitos cientistas e jornalistas o acusavam de exagerar suas descobertas em busca de fama e financiamento.

O Legado Eterno de Percy Fawcett

Mesmo quase um século após seu desaparecimento, Percy Fawcett continua fascinando o mundo. Sua história inspirou:

  • Literatura: Obras de aventura e o personagem de Tintim
  • Cinema: Influenciou diretamente a criação do Indiana Jones
  • Jornalismo: Reportagens sensacionalistas na revista O Cruzeiro
  • Literatura Brasileira: O livro “Esqueleto na Lagoa Verde” de Antonio Callado

Um Legado Duplo

Como observou o jornalista Antonio Callado: “Fawcett se identificou com uma das lendas matrizes da humanidade: a da cidade abandonada”.

O impacto de Fawcett é verdadeiramente duplo:

Científico: Seus mapas e dados etnográficos ainda orientam estudos amazônicos modernos Cultural: Sua história alimenta o fascínio universal por mistérios não resolvidos

A Cidade Z Existe? O Mistério Continua

Décadas de pesquisas arqueológicas na Amazônia revelaram que civilizações complexas realmente existiram na região. Descobertas recentes de cidades perdidas usando tecnologia LiDAR sugerem que Fawcett pode não ter estado tão errado assim.

Será que a Cidade Z estava lá o tempo todo, esperando ser descoberta?

Conclusão: O Explorador que Virou Lenda

Descobertas arqueológicas modernas com tecnologia LiDAR sugerem que Fawcett pode ter estado certo sobre civilizações complexas na Amazônia

Percy Harrison Fawcett alcançou algo que poucos exploradores conseguem: transformou-se em mito. Sua busca pela Cidade Z tornou-se símbolo da eterna sede humana pelo desconhecido.

Hoje, enquanto drones e satélites mapeiam cada centímetro da Terra, a história de Fawcett nos lembra de uma época em que ainda existiam lugares verdadeiramente inexplorados – e homens corajosos o suficiente para se perder neles.

A pergunta permanece: Fawcett morreu na selva ou encontrou sua cidade perdida? Talvez o mistério seja mais fascinante que qualquer resposta.


Perguntas Frequentes sobre Percy Fawcett

❓ Quem foi Percy Fawcett e por que ficou famoso?

Percy Harrison Fawcett foi um coronel britânico e explorador que se tornou lendário por suas sete expedições na Amazônia entre 1906 e 1924. Ficou mundialmente famoso após desaparecer misteriosamente em 1925 enquanto procurava a lendária “Cidade Z”, uma civilização perdida que acreditava existir na floresta.

❓ O que era a Cidade Z que Fawcett procurava?

A “Cidade Z” era o nome que Fawcett deu a uma suposta civilização perdida na Amazônia. Ele baseou suas teorias no Manuscrito 512, um documento do século XVIII que descrevia ruínas de uma antiga cidade no interior do Brasil. Fawcett acreditava que essa civilização poderia estar conectada à lendária Atlântida.

❓ Quando e como Percy Fawcett desapareceu?

Fawcett desapareceu em maio de 1925 durante sua expedição final. Acompanhado pelo filho Jack e pelo amigo Raleigh Rimell, ele enviou a última carta à esposa em 29 de maio de 1925, do acampamento “Dead Horse Camp”. Depois disso, os três simplesmente sumiram sem deixar rastros.

❓ Quantas expedições foram organizadas para encontrar Fawcett?

Dezenas de expedições de busca foram organizadas após o desaparecimento de Fawcett. A mais famosa foi a Expedição Dyott em 1927. Estima-se que mais de 100 pessoas morreram tentando encontrar vestígios do explorador perdido, tornando a busca por Fawcett quase tão perigosa quanto suas próprias expedições.

❓ Percy Fawcett realmente inspirou o personagem Indiana Jones?

Embora não seja oficialmente confirmado, muitos pesquisadores acreditam que Fawcett foi uma das inspirações para Indiana Jones. Sua combinação de conhecimento acadêmico, coragem militar e busca por civilizações perdidas certamente influenciou o imaginário popular sobre exploradores aventureiros.

❓ O que o Marechal Cândido Rondon pensava sobre Fawcett?

Rondon via Fawcett com desconfiança e se opunha às suas expedições. Em 1909, Fawcett abandonou uma missão conjunta deixando soldados brasileiros sem suprimentos. Mais tarde, Rondon recusou apoio oficial às expedições de Fawcett, defendendo que brasileiros deveriam liderar a exploração da Amazônia.

❓ Foram encontrados ossos ou vestígios de Percy Fawcett?

Várias vezes foram relatadas descobertas de supostos ossos de Fawcett. A mais famosa foi em 1951, quando o sertanista Orlando Villas-Bôas anunciou ter encontrado ossos junto aos índios Kalapalos. No entanto, exames científicos do Royal Anthropological Institute provaram que não eram de Fawcett.

❓ A Cidade Z realmente existiu?

Descobertas arqueológicas recentes usando tecnologia LiDAR revelaram que civilizações complexas realmente existiram na Amazônia. Embora não tenham encontrado especificamente a “Cidade Z” de Fawcett, essas descobertas sugerem que ele pode não ter estado completamente errado sobre a existência de cidades perdidas na região.

❓ Por que Percy Fawcett continua famoso até hoje?

Fawcett permanece fascinante porque sua história combina elementos de aventura real, mistério não resolvido e busca pelo desconhecido. Ele representa uma era romântica da exploração, quando ainda existiam lugares verdadeiramente inexplorados no mundo. Seu desaparecimento sem explicação alimenta teorias e especulações até hoje.

❓ Quais foram as principais contribuições científicas de Fawcett?

Fawcett fez contribuições importantes para:

  • Cartografia: Mapeou centenas de quilômetros de território amazônico inexplorado
  • Geografia: Localizou nascentes de rios importantes como o Verde e o Heath
  • Etnografia: Documentou culturas indígenas isoladas
  • Zoologia: Relatou espécies animais desconhecidas (algumas confirmadas pela ciência)

Suas contribuições cartográficas lhe renderam a prestigiosa Medalha de Ouro da Royal Geographical Society em 1916.


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